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#AvanteOficina

Por: Alessandro
imagem de: prontaparaoaltar.blogspot.com
Recentemente fui padrinho em um casamento. Como fiquei de pé ao lado do altar, tive uma visão privilegiada das pessoas que estavam participando da cerimônia. Vi o nervosismo e a alegria nos rostos dos noivos, a solenidade do padre e a postura dos familiares e amigos que ali estavam. Um ponto comum em várias faces foram as lágrimas. Sim, muitas pessoas estavam chorando.

Penso que não é necessário ser muito observador para perceber o cenário que descrevi acima. Basta ir a um casamento. O choro é uma marca registrada de tal celebração. Se a cerimônia for bem conduzida e os noivos tiverem um relacionamento saudável, a quantidade de lágrimas será ainda maior. E não adianta dizer que isso é “coisa de mulher”. Já vi muito marmanjo chorando “igual criança” no casamento de um filho ou de um amigo. 

A questão que me proponho a pensar nesse texto é: Por que tantas lágrimas? Qual a causa do choro nas cerimônias de casamento? 

Penso que o fato de que ali, diante do altar,  encontram-se duas pessoas de quem gostamos pesa muito. O momento é importante para elas e isso é motivo suficiente para que fiquemos sensibilizados. Nesse sentido, os casamentos entram no rol de outras cerimônias, como formaturas, festas de quinze anos, defesas de teses. Todas estas são situações importantes em uma trajetória. Claro que despertarão emoção tanto naqueles que as estão vivenciando quanto nos que amam tais pessoas. 

Penso, no entanto, que há algo diferente nos casamentos, afinal não é incomum que pessoas pouco íntimas também se ponham chorar. Há algo mais profundo na situação...Para tentar explicar aquilo que pode não ser tão explicável, vou recorrer à minha experiência. 

Pessoalmente, devo dizer que não costumava me emocionar tanto assim com casamentos, ou, quando ficava comovido, isso se dava apenas pelas razões que mencionei acima. Tudo mudou a partir do dia 10 de setembro de 2011. O que aconteceu nesse dia. Um dos fatos mais importantes da história no que diz respeito a esse que escreve: eu casei. 


A partir do meu casamento, passei a enxergar a celebração do matrimônio com outros olhos. Agora eu entendo muito bem o que os noivos estão passando. Sei o nervosismo de esperar na entrada da Igreja para atravessar o corredor que leva até o altar. Sei também como é olhar para uma porta fechada e saber que quando ela se abrir, lá estará a pessoa com quem, em breves instantes, será firmado um compromisso exclusivo e definitivo.  Em suma: passei a entender como a coisa funciona pelo “lado de dentro”. 

Hoje, para mim, todo casamento funciona como um memorial, ou seja, como algo que torna o passado presente. Vejo outras pessoas vivendo o que vivi e entrando numa das maiores aventuras de suas vidas. Cada detalhe remete também à minha história e atualiza meu compromisso. Cada vez que ouço o juramento de fidelidade, refaço, em voz inaudível, o meu juramento que pronunciei tempos atrás. Creio que todos os que são casados experimentem algo parecido. 

Após descrever minha experiência, creio que ela também não explica boa parte das lágrimas derramadas em casamentos. Há ainda algo mais... O matrimônio se dá em um ritual e esse ritual é composto de vários sinais. Tais sinais, por sua vez remetem a algumas realidades. São essas realidades que, creio eu, nos tocam tanto. 

A entrada dos padrinhos. A entrada do noivo. A entrada da noiva. A leitura das Escrituras. As palavras do padre.  O juramento. As alianças. A benção nupcial. A Eucaristia.  Todos estes são momentos prenhes de significado. Tais significados, boa parte das vezes,  não são pensados durante a cerimônia, mas são captados de uma maneira intuitiva. Creio que seja isso que tanto toca as pessoas. 


O matrimônio é uma celebração do amor humano. Duas pessoas se amam tanto que desejam jurar amor eterno. Desejam jurar diante de Deus e de todos os seus amigos e familiares (fora os penetras) que vão se amar até o último dia da vida. No dia de seu casamento, os noivos estão dizendo um ao outro: “Eu te amo de todo o meu coração! Amo tanto que quero comprometer toda a minha vida. Eu te amo por quem és e apesar de quem és. Venha o que vier, aconteça o que acontecer, hoje firmo, diante de Deus e de todos, o compromisso de ser fiel a ti até que a morte nos separe”. 

Tal compromisso vem ao encontro de um de nossos anseios mais fortes: o de amar e ser amado. No fundo, desejamos um amor que permaneça, que não envelheça ou enfraqueça ao sabor das estações. O rito do casamento fala direto a esse desejo. Diante de nós, estão duas pessoas que, apesar de suas limitações humanas, querem jurar amar. Duas pessoas que desejam rumar para o futuro juntas, e que julgam que o amor que as une será uma luz e uma força para o caminho. 

Claro que muitos podem objetar que vários casamentos não duram mais de seis meses; que as juras de muitos valem quase nada; que hoje, os laços são frágeis e que boa parte dos matrimônios termina em divórcios.  Tudo isso, infelizmente, é verdade. No entanto, não conheço ninguém que trate uma ruptura entre esposos como algo banal.  Tal situação normalmente é vista como uma tragédia. Como um desvio do caminho um dia começado diante do altar.  A tristeza decorrente de tais casos de ruptura só é tão forte porque o laço um dia formado não pode ser considerado trivial ou pueril. 

Os sinais de uma cerimônia de casamento são belos porque remetem para uma realidade que é bela. É com tristeza que é necessário reconhecer que há pessoas que ficam apenas nos sinais e desconsideram a realidade. Quando isso ocorre, a beleza do rito morre. O ritual se torna então apenas um arremedo, uma imitação, que pode até ser bem executada, mas não possui a profundidade de uma verdadeira celebração do amor.  A força e a beleza dos sinais são grandes quando estes indicam aquilo que foram feitos para indicar: o nascimento de uma comunhão perene. Em um casamento não estamos meramente firmando um contrato, mas forjando uma aliança. 

Boa parte das lágrimas derramadas em casamentos decorre de o matrimônio ser sinal desse amor humano que ousa desafiar o próprio tempo. Boa parte, mas não todas. Falta algo... 


Para o catolicismo, o matrimônio é um sacramento e isso é uma das coisas mais belas em uma religião de tanta beleza. Sacramento significa sinal sensível e eficaz da graça de Deus. Traduzindo: em certas situações e através de alguns gestos, e/ou de algum material, Deus nos toca de maneira especial, nos comunica sua graça de modo profícuo e eficiente. No caso do matrimônio, Ele comunica sua presença divina para fortalecer e sacralizar uma união humana. Algo de grande acontece quando um homem e uma mulher se colocam diante do altar: Deus se alegra com o amor dos noivos. Deus se alegra com a fundação de uma nova família. Deus se alegra e se entrega ao casal para que, tendo-O como sustento, cada um sustente seu belo juramento. 

No matrimônio, humano e divino encontram-se de uma maneira única. Quando penso nisso, desconfio que o choro de tais momentos decorra de algo um tanto quanto misterioso. Suspeito que, naquele momento,  a Graça transmitida seja tão grande que os noivos não podem conter sua totalidade; por isso, de alguma maneira, ela atinge os que estão ali para assistir. Suponho então que choro dos presentes não sinaliza apenas a emoção destes, mas o transbordar da alegria que o próprio Deus sente.
Alessandro Garcia
Doutorando em Sociologia / Fundador da Oficina de Valores

2 comments:

Joyce disse...

espetacular! me emocionei só de ler! mesmo antes de casar já sinto muito dessa antecipação e tenho a certeza de q vc tem muita razão, principalmente naquilo que vem dos mistérios da alegria de Deus... ótimo!

Chris disse...

Lindo mesmo.. Só de ler eu choro !

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