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#AvanteOficina

07:54
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Imagem de babycentre.co.uk


Em mais de uma ocasião nas últimas 4 ou 5 semanas li que é triste que precisemos nos tornar pais para que aprendamos a ser filhos. De fato. Nunca senti tanta gratidão pelo que foi feito por mim como agora, que descobri que serei mãe em alguns meses.

É claro que já me emocionei vendo vídeos do meu pai filmando minha mãe elogiando minha performance no desfralde. Já achei lindo relembrar em fotos como eles estimulavam que meu irmão, 5 anos mais velho que eu, dançasse comigo, ou me desse comida na boca. Já agradeci mil vezes por ter tido quem se preocupasse comigo na vida escolar e pela oportunidade de ter feito faculdade sem precisar trabalhar pra me sustentar, podendo investir meu dinheiro comprando livros ou esmaltes de unha no início daquela fase. Acredito que tenha sido uma filha grata e exercito a empatia todos os dias. Mas nada se compara à sensação de estar no lugar do outro de maneira tão forte.

A primeira pista que tenho é que isso se deva à força da experiência da maternidade/ paternidade, mesmo que ainda não esteja efetivada com o nascimento da criança. Você escolhe permitir a vida vir (ainda que o filho não seja planejado, os pais assumiram essa possibilidade de modo muito claro). E, honestamente, se alguém já conseguiu explicar o milagre que há em um embrião com 3 semanas de existência ter coração batendo, por favor, quero saber. Tudo é muito no início da gravidez. Tudo é um dia seu abdome ter só comida e, no outro, literalmente, uma pessoa. Sim, uma pessoa em uma de suas fases de desenvolvimento, tão humana e reconhecível como a infância ou a velhice.

E então aquela pessoa existe. E ela é sua – mas um "sua" que nem se aproxima do sentido de posse que dá nome ao pronome. Minha mãe sempre falou que devemos criar os filhos para o mundo. Eu, adolescente, ouvia isso achando que percebia certo rancor de ninho vazio na sua voz, que ela ficaria triste quando a gente levantasse voo. Coitada de mim.

Aquela serenidade séria era ela sabendo que o mundo não teria o conforto, o conselho e o bem querer que a gente sempre achou em casa, e que ela sabia que a gente deveria enfrentar tudo aquilo se fosse pra ser gente. Ela nos deu paz, força e combustível pra viver sem precisar dela – e isso é uma lição que espero muito ter aprendido. Meu pai, da mesma forma, sempre tentou ao máximo falar do mundo, tendo vivido tanto nele sem se deixar contaminar, colocando medo do que devíamos ter medo e asas onde deveríamos ter sonhos. Tenho a graça de ter duas mães, já que tenho uma tia que é minha melhor amiga e de uma parceria sem igual, que ensina e acolhe como mãe. Meus avós criaram quatro filhos com muito (meu Deus, muito) suor e um companheirismo que estou pra ver igual. Tive exemplos desde pequena. E, como já me falaram sobre ser mãe, o medo é uma constante. Um dos primeiros é o de não corresponder ao que o papel exige.

Eu conto com um marido que será o melhor pai que alguém pode imaginar para um filho, que tem valores e caráter para criá-lo. Uma sogra que é uma mãe incrível, em quem me inspiro no cuidado, na generosidade e na atenção que parece infinita, que nem merece nada do que dizem de sogra por aí. Tive (tenho) um lar em que me espelhar pra criar essa criança que agora cresce aqui, que eu e meu marido pedimos a Deus para enviar para que pudéssemos colaborar com um mundo que tanto precisa de pessoas melhores (e por mais mil inomináveis motivos). Ela já está me ensinando a ser mãe e a ser filha, ainda que por muitas vezes eu ainda sinta vergonha de não ter sido tão grata à minha própria mãe quanto deveria antes. O que me acalma é já ter uma leve previsão de que entenderei isso, porque minha mãe entende. Ela também foi filha antes de ter sido mãe.

Eu já desejei muita coisa para mim, e nunca vi egoísmo nisso. E agora entendo todas as vezes em que minha mãe me disse que, sempre que ela reza, é por mim e meu irmão. Agora eu entendo muito mais.

Acho que tinham razão quando disseram que mães sabem das coisas.


Uma grávida

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